NAS AULAS DOS GUERREIROS A GRANDE ESTRELA É O FREVO!

Veja algumas imagens e tire suas próprias conclusões.

UNIÃO ENTRE PASSISTAS, É POSSÍVEL?

OPINIÃO. Fala-se muito da necessidade de ver um dia a tão esperada união entre os passistas de frevo.

A FORÇA DA CAMISA AZUL

Nas aulas do Projeto Frevo na Praça, já foi possível observar que os professores dos Guerreiros do Passo, utilizam nos seus encontros semanais no bairro do Hipódromo...

MAX LEVAY REGISTRA OS GUERREIROS DO PASSO

O pernambucano Max Levay, profissional de reconhecido talento da arte da fotografia, fez um bonito registro dos Guerreiros do Passo no último mês de março. O artista produziu...

FOCO NO APRENDIZADO

Hoje em dia a busca por um melhor condicionamento na arte desenvolvida pelos famosos passistas de frevo, tem levado alguns praticantes a sair por ai pulando de aula em aula...

News - Guerreiros pretendem retornar às atividades abertas ao público ainda este ano/ Este site vai entrar em manutenção.

Guerreiros são matéria no JORNAL DO COMMERCIO

Neste domingo dia 23 de novembro, o Jornal do Commercio divulgou reportagem sobre os projetos realizados pelos Guerreiros do Passo. O texto faz alusão às oficinas mantidas nas cidades do Recife e Olinda, e expõe as dificuldades para a realização e manutenção dos trabalhos nas comunidades. Leia a reportagem na íntegra a seguir.

Frevo é ensinado na praça
Publicado em 23.11.2008

Sem espaço fixo para aprender o ritmo, grupos improvisam aulas nas vias públicas de bairros da Zona Norte e reclamam da falta de incentivo

É no meio da Praça Tertuliano Feitosa, no bairro do Hipódromo, Zona Norte do Recife, que a estudante Emilly Geovana dos Santos, 8 anos, tem aulas de frevo. É durante a noite na Rua Jerônimo Serpa, no bairro de Peixinhos, em Olinda, que Marina Cavalcanti Oliveira, 10, ensaia o ritmo para a próxima apresentação do Grupo Guerreiros do Passo, projeto criado há três anos por quatro professores de dança. As aulas acontecem duas vezes por semana durante três horas, para dezenas de pessoas, entre 5 e 40 anos.
"Não temos espaço certo para as oficinas de dança. Vamos criando ambientes em lugares públicos", comenta o coordenador do Guerreiros do Passo, Eduardo Araújo. Há um ano, o grupo de professores também ensinava no pátio de uma escola em Rio Doce, Olinda, mas as aulas foram suspensas por falta de verba.
"Não tínhamos como pagar as passagens dos instrutores. Pensei que com a transformação do frevo em patrimônio imaterial, pudéssemos vislumbrar algum apoio institucional, mas não tivemos nada. Buscamos em todos os órgãos incentivo para a manutenção dos trabalhos e até agora nenhuma resposta", conta Eduardo.
É com a ajuda dos avós, a dona de casa Rosa Maria dos Santos, 60, e o aposentado Geraldo Cabral Cavalcanti, 64, que a aluna Marina participa dos ensaios. "Isolamos a rua de noite e desviamos o percurso dos carros para que possam dançar em paz. Além disso, colocamos dois refletores na via e servimos água para o pessoal. Quando chove as aulas são na garagem", informa a avó.
Os encontros acontecem todas as sextas-feiras a partir das 14h e aos sábados às 19h. "Adoro dançar. Como não faço outra atividade fora da escola minha avó decidiu me colocar para participar do Guerreiros", diz Marina, que freqüenta as aulas desde os 6 anos. Além das aulas práticas, os alunos também recebem lições sobre a história do frevo e seus principais representantes.
O artesão Jorge Alberto Alves, 29, morador de Campina do Barreto, Zona Norte, também é aluno do grupo. Ele utiliza o dom da profissão para consertar as sombrinhas doadas aos alunos que não podem comprar. "Já nem sei quantas sombrinhas passaram pelas minhas mãos, mas tem uma hora que não tem jeito, o remendo não dá conta", afirma ele, que dança de pés descalços para não desgastar a única sapatilha que possui. "Deixo para as apresentações."

PAÇO DO FREVO - Reportagem do Jornal do Commercio

Do chefe de editoria do JC!
Publicado em 19/11/2008
Cadê o Paço do Frevo?
O culto ao samba como grande expressão da musicalidade e da alegria dos brasileiros gerou o sambódromo no Rio e em São Paulo. A maior festa popular do Amazonas, o Festival de Parintins, deu origem ao bumbódromo, nos mesmos moldes de espetáculo para alguns dançarem e a grande massa ver. Entre nós não se fala em frevódromo, até porque a música tipicamente pernambucana dispensa palcos e passarelas. Ela faz parte do melhor dos nossos carnavais e agita todos os foliões, sem arquibancadas e assistência. Mas ao completar 100 anos, em 2007, a Prefeitura do Recife anunciou que iria construir o Paço do Frevo, destinado a funcionar como museu e espaço cultural, já que nosso ritmo dispensa formalidades como tempo de desfile, comissões, carros alegóricos, enredos e tantas coisas mais que engessam a folia carioca numa moldura.
Entretanto, apesar de anunciado com muita pompa em fevereiro de 2007, o nosso Paço do Frevo não saiu do papel. A Prefeitura do Recife alega falta de recursos para tocar a obra – orçada em R$ 7,5 milhões. Se um dia vier a ser concretizado, o Paço terá salas para exposições temporárias e permanentes, biblioteca, laboratório de pesquisa, café, auditório, estúdio para gravações, salas para ensaios e oficinas de dança e música. Um projeto maravilhoso que precisa se tornar realidade, tanto pela importância do frevo na vida dos pernambucanos quanto por representar uma potencial referência da cultura brasileira com a possibilidade de incentivar a revelação de talentos musicais e de fazer do Paço um instrumento criativo, produtivo, até gerador de renda.
O nosso "frevódromo" deve funcionar em um casarão da Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, com quatro andares e 2.200 metros quadrados, construído no início do século 20 pela Western Telegraph Company, que deixou de atuar no Recife em 1973. A prefeitura desapropriou o prédio há mais de um ano e está contando com a Fundação Roberto Marinho para ajudar a arrecadar recursos para a execução do projeto. Alguns itens dependem de instituições federais, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pelo que seria interessante que nossas lideranças em Brasília – sempre tão sintonizadas em tempos eleitorais, algumas conquistando realce pela atuação no Congresso, outras ocupando importantes postos no Executivo – dessem agora, sem a preocupação com votos, um empurrãozinho no que representa uma notável tarefa cultural.
O frevo, sabe nossa elite política, tem presença marcante na história de Pernambuco. Sua importância mudou, inclusive, a característica dos nossos grandes jornais, que passaram a dar páginas e mais páginas sobre folia, com caricaturas, desenhos e cores, quando o noticiário da cidade era tímido, quase não se falava em esportes, e não havia nada parecido com o que há hoje em noticiário político ou social. Outra característica marcante de nosso ritmo carnavalesco era a sua mistura com a sátira política, envolvendo nomes que fazem parte de nossa história. Com esses personagens e o que ficou do cenário de nossas ruas centrais, engalanadas para o frevo passar, as figuras curiosas, as fantasias bizarras, os apetrechos com que jovens e velhos enchiam os salões de bailes, com os estandartes que puxavam multidões, dá para antecipar apenas um pouco do muito que o Paço pode representar para a preservação da mais popular expressão musical de Pernambuco.
Por isso o Paço não há de ficar apenas no papel ou em promessas jogadas para o futuro. A prefeitura diz que no final do ano começa a recuperar o sobrado da Praça do Arsenal e em 18 meses ficarão prontos os trabalhos. Vamos conferir. Essa não é uma obra de prefeito tal ou qual, mas uma tarefa de Pernambuco e cabe o envolvimento de todos os setores, inclusive da atividade privada. O Paço – ao contrário dos sambódromos que só parecem ter vida em tempo de carnaval – será uma vitrine com grande variedade de produtos tipicamente pernambucanos exposta o ano inteiro.