NAS AULAS DOS GUERREIROS A GRANDE ESTRELA É O FREVO!

Veja algumas imagens e tire suas próprias conclusões.

UNIÃO ENTRE PASSISTAS, É POSSÍVEL?

OPINIÃO. Fala-se muito da necessidade de ver um dia a tão esperada união entre os passistas de frevo.

A FORÇA DA CAMISA AZUL

Nas aulas do Projeto Frevo na Praça, já foi possível observar que os professores dos Guerreiros do Passo, utilizam nos seus encontros semanais no bairro do Hipódromo...

MAX LEVAY REGISTRA OS GUERREIROS DO PASSO

O pernambucano Max Levay, profissional de reconhecido talento da arte da fotografia, fez um bonito registro dos Guerreiros do Passo no último mês de março. O artista produziu...

FOCO NO APRENDIZADO

Hoje em dia a busca por um melhor condicionamento na arte desenvolvida pelos famosos passistas de frevo, tem levado alguns praticantes a sair por ai pulando de aula em aula...

News - Guerreiros pretendem retornar às atividades abertas ao público ainda este ano/ Este site vai entrar em manutenção.

16 de agosto - Aniversário do Professor VALDEMIRO NETO

Em 16 de agosto o professor dos Guerreiros do Passo Valdemiro Neto comemora data festiva. Este passista é um dos responsáveis pelo sucesso dos Guerreiros do Passo no carnaval do Recife. Dançarino de comprovado talento, ganhou 2 títulos na categoria Master nos anos de 2008 e 2009, em concursos de passistas organizados pela Prefeitura do Recife.
Um dançarino com todas as características de um verdadeiro Anjo Negro do Passo.
Todos os amigos Guerreiros desejam-lhe um FELIZ ANIVERSÁRIO.

Assista o vídeo de uma das atuações do grande passista Valdemiro.



Professor do Japão retorna ao estado de Pernambuco

Professor Chikashi Kambe
Está de volta a nossa cidade para continuar seus estudos sobre o frevo e o carnaval pernambucano, o Professor de Educação física da Tokyo Gakugai University, universidade situada na cidade de Tókio-Japão Chikashi Kambe.
O educador japonês desembarcou neste domingo dia 7 de agosto de 2011, e ficará na região por três semanas consecutivas, se inteirando e pesquisando os meandros da nossa cultura carnavalesca.

Não é a primeira vez que Chikashi vem ao Brasil, sua última visita ocorreu em 2009, onde, inclusive, chegou a presenciar os últimos dias de vida do Mestre Nascimento do Passo. Como em 2009, a diretoria dos Guerreiros do Passo ficará responsável por planejar os roteiros que o professor fará pelas cidades do Recife e Olinda, e as informações por ele recolhida comporão em breve sua tese de Doutorado na Universidade da qual faz parte.

Suas andanças iniciaram nesta segunda-feira, dia 8, na sede dos Guerreiros do Passo,  onde teve uma boa conversa com o coordenador do grupo Eduardo Araújo. Nesta terça, o compositor de frevos e presidente do Clube Os Inocentes, Geraldo Silva, receberá a visita do docente no bairro da Mustardinha. Ainda na programação, também já está confirmada a presença do professor nos próximos sábados nas aulas do Projeto Frevo na Praça, ação desenvolvida pelos Guerreiros do Passo no bairro do Hipódromo.

Leia a matéria publicada aqui no site sobre o Professor Chikashi Kambe, da ocasião de sua última visita à Pernambuco em 2009. Clique aqui.

O lirismo de todos os tempos

Por Renato Phaelante*
Lirismo Maneira apaixonada, poética,de sentir, de viver; entusiasmo, ardor,
exaltação (in Aurélio)

De acordo com alguns pesquisadores, no início dos anos 20, apareceram, no Recife, os blocos e ranchos, que faziam a beleza e o encantamento dos carnavais da época. Aos poucos, os ranchos, foram desaparecendo da paisagem recifense, fortalecendo-se no carnaval carioca e, consequentemente, oferecendo espaço para o crescimento dos blocos no Recife.

Ambos – blocos e ranchos – desafiaram os modernismos e principalmente os blocos no Recife, preservaram suas características líricas, trazendo no bojo de suas letras, o saudosismo, a saudação, as figuras e símbolos, carregados de singularidades do cotidiano dessas cidades, além da poesia dos velhos e tradicionais pastoris, manifestação tão remota, oriunda de nossa colonização.

No Recife, esse lirismo nos blocos iniciou-se a partir dos festejos natalinos. Já registravam os pesquisadores que, no dia 24 de dezembro, os blocos saíam às ruas com as suas orquestras compostas de 30 a 40 metais, com seus coros de vozes sofridos, tocando e cantando as jornadas mais líricas. Daí, chamarem de jornadas, alguns dos cantos carnavalescos do Recife, por influência das jornadas dos pastoris.

Durante algum tempo, houve em meio aos blocos, grande esmero na desenvoltura dos seus naipes de cordas, principalmente quando, algum deles, provocava o outro à disputas, que se tornavam acirradas, evidenciando a beleza da musicalidade de cada um. Daí, a preferência popular, elegendo sempre a melhor orquestra de corda do carnaval daquele ano.

Os blocos transbordavam em lirismo no calor dessas disputas. E, foi esse estado puro e sentimental dos blocos que trouxe para o seu cordão, o elemento feminino, que até aquela época, não participava de forma ativa do carnaval de rua. Um carnaval tão belo nas suas nuanças características, mas também tão impulsivo quanto tempestuoso.

Hoje, em um mundo conturbado pela violência de todas as ordens, os blocos do Recife, preservam um lirismo que sobrevive, demonstrando a tranqüilidade de um carnaval onde as pessoas, independente de sexo, cor ou idade, podem se dar as mãos em busca da manutenção de um romantismo que não pode nem deve morrer.

Há que permanecer vivo, tal qual os relembra o nosso cronista maior Antônio Maria em uma de suas crônicas: Muitas vezes, de madrugada, o menino acordava com o clarim e as vozes de um bloco. Eles estavam voltando. O canto que eles entoavam se chamava de “regresso”. Não sei de lembrança que me comova tão profundamente. Não sei de vontade igual a esta que estou sentindo, de ser o menino, que acordava de madrugada, com as vozes dos metais e as vozes humanas daquele carnaval liricamente subversivo”
                                           
 Renato Phaelante da Câmara
Pesquisador de MPB

Site dos Guerreiros do Passo terá a colaboração do pesquisador Renato Phaelante

Guerreiros do Passo realiza parceria com pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco com a finalidade de enriquecer a página do grupo com textos sobre a história do carnaval e do frevo pernambucano.

Renato Phaelante
Nas vésperas de completar seis anos de fundação, o grupo Guerreiros do Passo dá inicio as ações visando comemorar sua data mais festiva, com a realização de uma importante parceria firmada neste mês de agosto de 2011. A partir deste mês, o site do grupo será enriquecido com textos de um dos maiores nomes da nossa cultura: Renato Phaelante da Câmara. Além de ator, pesquisador, escritor, produtor de rádio e TV, diretor de teatro e compositor, Renato Phaelante tem seu trabalho destacado em diversas publicações de revistas, jornais e na TV, versando essencialmente sobre o frevo e a discografia da música popular brasileira. Na Rádio Universitária FM 99.9, emissora da Universidade Federal de Pernambuco, mantêm um programa semanal sobre os valores da nossa música: o “Memórias de Nossa Gente”. Pedagogo e pós-graduado em História de Pernambuco, este artista é a capacidade em pessoa, e foi fundamental no inicio da formação dos Guerreiros do Passo, exercendo uma influência valiosa para os seus integrantes. Sua colaboração se deu inicialmente através de um curso proferido aos professores do grupo, e seus ensinamentos, deram base a investigações e estudos, que posteriormente foram responsáveis pela criação do espetáculo que os Guerreiros vêm apresentando há algum tempo com bastante repercussão.

Agora, a colaboração do Mestre Phaelante se dará com escritos de sua autoria, suprindo uma demanda dos internautas, visitantes da página, que solicitavam há algum tempo informações aprofundadas sobre o frevo e o carnaval pernambucano.

Os estudiosos, pesquisadores e o público em geral, terão uma excelente oportunidade de conhecer os detalhes e as histórias pitorescas do carnaval, da dança e do frevo pernambucano. Aproveitem!
Acesse as primeiras informações na parte direita do site.


O frevo como dança, o frevo como música

Por Renato Phaelante*
Como vimos anteriormente, o Capoeira teria dado origem ao passo. Esses capoeiras por muitos anos mantiveram-se à frente dos desfiles acompanhando as bandas de músicas do Recife. Saísse um clube ou uma charanga e lá estavam eles, gingando, pisoteando, manobrando os cacetes, exibindo navalhas e fazendo passos complicados.

São unânimes os pesquisadores quanto à afirmativa da influência desses capoeiras, embora o desenvolvimento do que veio a se constituir o passo, no dizer oportuno do Mestre Câmara Cascudo defina suas características evolutivas: No mar do frevo, cada peixinho nada no seu jeito; e acrescenta: No passo, cada bailarino executa a ad libitum reação mímica da interpretação pessoal . Mímica determinante de aplicadas, inesperadas, piruetas famosas, na sombra simbólica, das sombrinhas borboletas.

Concluiu-se, então que, para fazer o passo não adianta utilizar-se de técnicas de naturalidade, basta que se viva, na prática, o Carnaval Pernambucano. Existem muitos programas de Escolas de Frevo espalhadas pelo Estado, alimentando a estética formal desse passo, por passistas que entre outros se tornaram famosos com o passar dos anos. Entre eles estão Egídio Bezerra que ficou conhecido como o Rei do Passo; Sete Molas, Nascimento do Passo, cujo verdadeiro nome é Francisco Nascimento Filho e Coruja, que possuía o nome de batismo de Francisco das Neves.

No que diz respeito ao frevo como música, tem-se a informação de que ele sofreu a influência da Modinha, da Polca, do Maxixe, do Galope, da Quadrilha, dos Dobrados. Surgiu, no início do século XX, depois das Fanfarras, a famosa Marcha Pernambucana que por sua vez, daria origem ao Frevo. Foi tomando espaço evidente no Carnaval de Rua, de modo que cada Clube passou a possuir seu próprio repertório.

Dois bons exemplos de marchas de clube que deram início a esse caminho do Frevo foram A Província, marcha do Clube Lenhadores composta por Juvenal Brasil em 1905 e a Marcha Gonçalves Maia, de Zeferino Bandeira, final do século XIX feita para o Clube das Pás.

Segundo o jornalista Mário Mello (1884-1959), o frevo veio do início do século, e o seu batismo, a imposição do nome, se deu anos depois. Uma marcha de introdução em estilo de polca-marcha com parte lenta para o canto, puxava os cordões dos grandes clubes, pelas ruas centrais do velho Recife. É ainda Mário Melo quem afirma: Quando um clube com seus milhares de acompanhantes penetrava na Ponte da Boa Vista, se comprimiam e eram levados de roldão. Findo o canto e, voltando à Fanfarra, à Introdução, entravam numa espécie de dança com trejeitos de capoeiras, sem uniformidade nos passos.

Por essa época, surgiu uma composição do maestro Zuzinha – José Lourenço da Silva – modificando a primeira parte, mais precisamente a introdução, além de incluir floreios instrumentais, que dava ao passista margem a improvisos e nova criatividade nos passos já existentes da dança. Era a hora do que vieram a denominar de Frevo, que Mário Melo intitulou de Divisor de Águas e proclamou, assim, Zuzinha, o Pai do Frevo.

O mesmo Mário Mello acrescentou em outro artigo: Quando a Banda de Música ou de Fanfarra rompia uma autêntica Marcha Pernambucana, impossível alguém resistir. Todos dançam, pulam, saracoteiam. A quem de plano elevado, vê aquela vida humana em ebulição, a idéia que lhe ocorre é de grande depósito líquido em fervura. O verbo na boca do povo é Frever. Seus derivados são: Frevura, Frevor e Frevo.

Nasceram, então, a marcha pernambucana, a marcha canção, finalmente a polca-frevo e a marcha-frevo. Era o Frevo, incorporando-se como ritmo às novas criações. Um exemplo da marcha pernambucana é a Canalha da Rua, de Valdemar de Oliveira sob o pseudônimo de José Capibaribe.

O maestro Edson Rodrigues, em comentário sobre o frevo, identifica três modalidades de frevos de rua: o frevo de Encontro, onde predominam os metais, sendo chamado, popularmente, de Abafo. O frevo Coqueiro, com notas agudas, evidenciando-se pela altura do pentagrama. O frevo Ventania, onde predominam as palhetas, sendo composto, em grande parte de semicolcheias.

Quando o frevo de rua adentrou os salões, surgiu mais uma classificação, o chamado frevo de Salão, uma mistura dos demais, feito por novos compositores no advento e incremento do carnaval de salão.

Segundo ainda o maestro Edson Rodrigues o frevo de Encontro ou Abafo, nasceu, como diz o nome, do tradicional encontro dos Clubes, hoje não muito comuns. Um exemplo desse frevo é o Fogão, de Sérgio Lisboa. E continua ele, referindo-se a esta modalidade do frevo: é muito alto para os trombones e pistões e sua execução depende da força no sopro dos músicos. A variante do frevo Abafo, o Coqueiro, tem introdução feita à base de notas curtas. Um exemplo disso é o frevo Toca Quem Pode, de Jonnes Johnson, de 1958. O frevo Ventania, mais ameno que os citados, exige grande habilidade dos executantes. É melhor utilizado por orquestras em lugares fechados (salões de clubes). E, um exemplo desse tipo é o frevo do maestro Duda: Nino, o Pernambuquinho.

De Leonardo Dantas a respeito do Frevo como música apreendemos que nos anos 30, com a popularização do ritmo pelas gravações em disco e sua transmissão pelos programas do rádio, convencionou-se dividir o frevo em frevo-de-rua (quando puramente instrumental), frevo-canção, (este, derivado da ária tem uma introdução orquestral e andamento melódico, típico dos frevos de rua) e o frevo-de-blocos. Este último executado por orquestra de madeiras e cordas (pau e cordas, como são popularmente conhecidas), é chamado pelos compositores mais tradicionais tal Edgar Moraes (1904-1973), de marcha-de-bloco (Edgard Moraes, 1904-1973), tornando-se uma característica dos Blocos Carnavalescos Mistos do Recife. Para a sua execução é utilizado um coro de vozes femininas, que se faz acompanhar de uma orquestra formada por violões, violinos, cavaquinhos, banjos, clarinetes, contrabaixos, percussão; aparecendo nos dias atuais alguns metais (tubas, saxofones, bombardino e trompetes), indispensáveis no acompanhamento do coro, em face da necessidade de se fazer ouvir à distância.

No frevo-de-bloco, ainda segundo Leonardo, está a melhor parte da poesia do carnaval pernambucano, diante do misto de saudade e evocação contidas nas letras e nas melodias de grande parte de suas estrofes. Como Evocação (1957), de Nelson Ferreira (1902-1976):

Felinto, Pedro Salgado,

Guilherme Fenelon

Cadê teus blocos famosos?

Bloco das Flores, Andaluza,

Pirilampos, Apôs-fum

Dos carnavais saudosos.

Ou como A Dor de uma Saudade, de Edgard Moraes, para o carnaval de 1961, feito em homenagem ao seu irmão Raul Moraes, falecido em 1937:

A dor de uma saudade

Vive sempre em meu coração

Ao relembrar alguém que partiu

Deixando uma recordação

Nunca mais...

Hão de voltar os tempos,

Felizes que passei em outros carnavais

Como o frevo-de-bloco, o frevo-canção possui, também, uma letra que vem logo em seguida à introdução orquestral, geralmente com dezesseis compassos. Tão velho quanto o frevo-de-rua como já vimos anteriormente, o frevo-canção é responsável pela grande animação dos salões e das multidões que acompanham as Freviocas durante os quatro, cinco e até dez dias de carnaval. Os motivos das suas letras são os mais diversos, inclusive a própria animação do frevo, como bem afirmaram Luiz Bandeira e Ernani Séve:

Êta frevo, bom danado!

Êta povo, animado!

Quando o frevo começa,

Parece que o mundo já vai se acabar,

Éh! Quem cai no passo não quer mais parar.

Muito embora o frevo-de-rua seja uma constante em todos os salões durante os dias de carnaval, foi feito inicialmente para ser executado a céu aberto. Na rua, como a sua denominação está a exigir. Sua base melódica é responsável pela coreografia do passo e pela movimentação das multidões não só do Recife, como de Olinda e de outras cidades pernambucanas.

Renato Phaelante pesquisador de MPB.

PESQUISA

Clique nos títulos abaixo para ter acesso aos textos do pesquisador Renato Phaelante da Câmara. ATENÇÃO: Ao utilizar algum trecho dos arquivos, mencione o autor e o endereço deste site.


Frevos famosos - Grandes compositores de frevo

Por Renato Phaelante*
1. VASSOURINHAS – de Matias da Rocha e Joana Batista Ramos.
Este frevo foi composto, segundo o pesquisador Evandro Rabelo, no dia 06 de janeiro de1909, no bairro de Beberibe, em um mocambo que ficava em frente à estação do Porto da Madeira.

OBSERVAÇÃO: Joana Batista, um dos autores do frevo, afirmou em depoimento, que teria a melodia sido composta pelo Matias da Rocha, à época, designado como maestro. A primeira gravação de Vassourinhas foi realizada em 1956, em selo Mocambo, com as famosas variações do músico Félix Linz de Albuquerque – o Felinho. Já a gravação feita nos anos 40, pelo radialista carioca, Almirante, omite o nome dos autores deste frevo.

2. FOGÃO – do músico e pintor de afrescos Sérgio Lisboa.

Lançado em forma de partituras, na década de 30, somente foi divulgado em disco, em caráter nacional, a partir de sua primeira gravação, em junho de 1950, pela RCA Victor, interpretado por Zacarias e sua Orquestra. Esse compositor tornou-se famoso em todo o Brasil,com esse único frevo.

3. CANHÃO 75 – de Nino Galvão;

Este frevo foi gravado pela primeira vez em junho de 1951.

4. ÚLTIMO DIA – de Levino Ferreira.

O autor deste frevo foi um dos mais versáteis e competente músico. Ele teve a sua primeira gravação em 1959, pela Continental com a orquestra de Severino Araújo. Uma série de frevos famosos qualificam a produção de Levino Ferreira, como, por exemplo, A Cobra está Fumando, Diabo Solto, Retalhos de Saudade, entre tantos outros.

5. GOSTOSÃO – do Maestro Nelson Ferreira.

Também ele, entre os mais versáteis e talentosos compositores, tornou-se ainda mais famoso por ter reformado, com seus arranjos, técnica melódica arrojada e as novas idéias que impôs às suas composições, o frevo, tornando-os célebre . Assim é o caso, dos frevos Come e Dorme, Frevo no Bairro do Recife, Gostosinho, Casá Casá, entre tantos outros. Gostosão, um dos mais importantes, foi gravado pela primeira vez em outubro de 1950, pela RCA Victor.

6. FREIO A ÓLEO – do maestro José Xavier de Menezes.

A orquestra de frevo do maestro José Xavier de Menezes animou durante anos seguidos o Carnaval de Clubes do Recife. Freio a Óleo, foi gravado pela primeira vez em outubro de 1950, através da RCA Victor.

7. TRÊS DA TARDE – de Lídio Francisco – o Lídio Macacão.

O compositor não se distinguiu pela quantidade de frevos que produziu, mas principalmente pela qualidade esmerada de cada um deles. O Três da Tarde, conhecido frevo coqueiro, uma variante do frevo de abafo, obriga o músico a uma execução mais viril. Este frevo foi gravado pela primeira vez em julho de 1950, pela Rca Victor.

Muitos foram os frevos de rua que tiveram destaque efetivo desde o final dos anos 40 até a atualidade. Só para citar alguns deles, se pode destacar:

- Capital do Frevo, de Toscano Filho;

- Porta Bandeira, de Nelson Ferreira;

- Perguntas e Respostas, de Zumba;

- Recordando a Tabajara, de Edson Rodrigues;

- Faca Cega, de José Bartolomeu;

- Satanaz na Onda, de Levino Ferreira;

- Capenga, de Eugênio Fabrício;

- Teleguiado, de Toscano Filho.

Destacam-se, também, os frevos de Lourival Oliveira, todos com nomes de cangaceiros: Lampião, Volta Seca, Maria Bonita, Ponto Fino, Cocada, Sabino, Corisco, Ventania, Zabelê.

ALGUNS DOS MAIS FAMOSOS FREVOS DE BLOCO
Mesmo que o frevo de bloco só tenha vindo a ser conhecido no Brasil, a partir de 1957, com o frevo de bloco de Nelson Ferreira, intitulado, Evocação, há que se reconhecer que entre os maiores compositores de frevo de bloco, estão Os Irmãos Moraes – Raul e Edgar. Suas composições foram e são, ainda, as mais cantadas hoje em dia. No Recife, a música de Edgar e Raul, já era famosa desde os anos 30. Mesmo após a morte Do irmão Raul, Edgar continuou compondo dentro da mesma linha que caracterizava os dois. Foi assim que surgiu, por exemplo, Valores do Passado, em 1962, de Edgar Moraes, uma das composições que marca a história deste ritmo pernambucano, resgatando, em sua letra, 24 blocos que já desapareceram do Carnaval do Recife. Observe-se a letra:

“Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes,
Camponeses, Apôs Fum e o bloco Um dia Só.
Os Corações Futuristas, Bobos em Folia
Pirilampos de Tejipió!
A Flor de Magnólia, Lira do Charmion, Sem Rival,
Jacarandá, a Madeira da Fé, Crisântemo,
Se Tem Bote e Um dia de Carnaval.
Pavão Dourado, Camêlo de Ouro e Bebé,
Os queridos Batutas da Boa Vista
E os Turunas de São José.
Príncipe dos Príncipes, brilhou,
Lira da Noite , também brilhou
E o Bloco da Saudade
Assim recorda
Tudo o que passou.”
Renato Phaelante da Câmara
Pesquisador da MPB

A origem da palavra frevo - Introdução à sua história social

Por Renato Phaelante*
No Carnaval de 1900, cerca de 100 agremiações desfilaram no Carnaval do Recife, segundo o jornalista Severino Barbosa. A essa altura, era grande a frevança, o frevedouro estava prestes a ser batizado.

Era o frevo já presente nas ruas do Recife, cristalizando-se no compasso binário das marchas carnavalescas de então, trazendo de arrastão a onda efervescente e o improviso de foliões em complicados passos, germinando o que seria o Frevo dança e o Frevo música.

O pesquisador Evandro Rabelo afirmou em artigo, que em 9 de fevereiro de 1907, o Clube Empalhadores do Feitosa, noticiara no Jornal Pequeno o seu ensaio geral, publicando também o repertório de marchas carnavalescas com os seguintes títulos: Amorosa, O Sol, O Frevo, entre outras. Isso veio comprovar o que dizem os estudiosos a respeito do vocábulo Frevo, afirmando já estar ele presente em meio aos clubes carnavalescos.

O jornalista Osvaldo Almeida que se assinava no Jornal Pequeno sob o pseudônimo de Paula Judeu e Pierrot, a palavra Frevo teria sido inventada por ele próprio e lançada em sua coluna em 12 de fevereiro, do Carnaval de 1908. Afirma ele que, logo depois, caiu no gosto popular e foi pelo povo adotada.

Em 22 de fevereiro do ano seguinte, o mesmo Jornal Pequeno traz em sua primeira página uma gravura de autor desconhecido com a frase: Olha o Frevo!, a qual se tornou uma exclamação de entusiasmo na boca do povo e essa motivação expressiva permanece até os dias atuais.

Ao que se refere ao surgimento do Frevo, enquanto música e dança, o jornalista Rui Duarte tem algumas opiniões sugestivas e lúcidas sobre o seu surgimento na história do Carnaval pernambucano. No seu livro História Social do Frevo, Rui Duarte afirma: O frevo surgiu espontaneamente, sem qualquer semelhança com as outras músicas e danças brasileiras. Ele afirma, ainda, que o frevo não é dança dramática, não é folk-music, não tem parentesco com pretos, índios ou portugueses.

Cabe a nós o questionamento, como surgiu, então, o frevo?

Em meados do Século XIX, com a proibição do Entrudo, remanescente da folia portuguesa, o Brasil parecia ter perdido sua festa máxima. Em 1855, carnavalescos de todo o Brasil, interessados na manutenção daquela manifestação, promoveram o que veio a se chamar Congresso das Sumidades Carnavalescas. Dois anos depois, após várias sessões, de discussão sobre idéias divergentes, de teses inflamadas e de acurados trabalhos, chegou-se à conclusão de que o Carnaval brasileiro teria as características do carnaval europeu, que vinha dando certo e que não haveria contra-indicação para o seu transplante.

Todos os Estados aderiram ao novo Carnaval, menos um, tornando-se assim, exceção à regra, Pernambuco, que na ocasião, iniciava um movimento de rebeldia à proibição do Governo local quanto à saída de alguns desordeiros, como eram chamados os capoeiras, que costumavam desfilar à frente das bandas militares aquarteladas na Cidade do Recife, denominadas O Quarto e Espanha, do corpo da guarda nacional que tinha como mestre o espanhol Pedro Garrido.

O desfile desse pessoal era feito em moldes de verdadeiro delírio, pulando, gingando, jogando capoeira, armados de cacetes e aos gritos, desafiando adversários para a luta. Isso aconteceu tanto de um lado quanto do outro, gerando uma competição violenta e engalfinhamento dos dois grupos adeptos de uma, e de outra banda musical.

Um outro depoimento importante, o do historiador Pereira da Costa no seu livro Folk-lore pernambucano, quando ele comenta: O nosso capoeira é antes, o moleque de frente de música em marcha, armado de cacete e a desafiar os do partido contrário que, aos vivas de uns, e aos morras de outros, rompe em hostilidade e trava lutas de que, não raro, resultam em ferimentos e até mesmo em casos fatais.

Essa rivalidade, segundo Valdemar de Oliveira, sempre foi comum entre as bandas de música, embora não ostensivamente, entre as de corporações militares e, sim, entre conjuntos musicais pertencentes às sociedades privadas. As competições se acirravam já às vésperas do carnaval e, inclusive nas retretas, em cidades do interior do Estado, como Goiana, Nazaré da Mata, Paudalho, Vitória de Santo Antão, entre outras.

A maioria desses conjuntos musicais, possuindo vinte a trinta trombones cada, no momento de encontro com clube rival, abafavam pelo bocal, porque é a força do bocal, bem adaptada aos lábios, que o instrumentista consegue arrancar os agudos que dele exigem as partituras, de acordo com Valdemar de Oliveira, o qual continua afirmando que com tal volume de som o clube era ouvido de longe pelo público, que se motivava a participar daquela verdadeira contenda.

A capoeiragem era o complemento da banda, sua marca de autenticidade. Coisa de macho, mulher não acompanhava, salvo alguma mulher-dama que respeitada se pusesse de parte para apreciar as proezas do seu "chereta".

A confusão era o ponto alto do desfile. A música tocando, o pau cantando e o frevedouro estourando. No Recife os valentões se multiplicavam pelas tradições de bravura e de ousadia. Capoeiras como "Canhoto", "Pé de Pilão", "Bode-Iôiô", "Manuel da Jacinta", "Nicolau do Poço", "Bentinho do Lucas", "Jovino dos Coelhos", "Nascimento Grande", "Amaro Preto", "Apolônio da Capunga" entre outros lembrados pelo escritor e jornalista Oscar Melo, em seu livro Recife Sangrento.

Durante anos seguidos, até o começo do Século XX, esses e outros capoeiras, pularam na frente das bandas, inclusive nas particulares, como a "Matias Lima", a "Charanga do Recife" e a "Afogadense". Era o primeiro grande sinal do que viria a ser o passo.

Por essa época o Recife era foco de agitação política. O Estado se transforma em centro de rebeldia, pregando o nacionalismo, a expulsão de portugueses, pregando a República e a libertação dos escravos. Por conta disso, vários pernambucanos foram presos e fuzilados e o território pertencente a Pernambuco, foi mutilado e quase a metade foi entregue à Bahia como castigo por esses levantes contra o Império. Apesar disso tudo, Pernambuco recebeu o nome de Leão do Norte.

Tudo isso foi assimilado pelo povo. Tudo no Recife era reação, a cidade vivia cheia de valentões, cabras a soldo de políticos dominantes, capoeiras perambulando pelas ruas à cata de brigas, perseguindo portugueses considerados senhores de tudo. E, os melhores instantes para esse desabafo, era quando faziam os engalfinhamentos dos bandos rivais de capoeiras nas refregas competitivas do encontro das bandas musicais dos clubes pedestres. Seriam esses capoeiras que teriam dado origem ao frevo, enquanto dança, (o passo).

Se o Capoeira, sem dúvida, deu origem à dança – o passo, as fontes do frevo teriam sido a quadrilha, o maxixe, a polca e o dobrado. Alguns descendentes do frevo trazem no seu contexto esta afirmativa, como, por exemplo, a Marcha nº 1 do Clube Lenhadores, escrita em 1903 por Juvenal Brasil; o frevo Canhão 75, de Faustino Galvão; o frevo Chegou Fervendo, de Zumba e, mais recentemente, o frevo Come e Dorme, de Nelson Ferreira, um renovador constante da melódica do frevo.

Não se sabe, na realidade, se o frevo surgiu primeiro como dança ou como música. É ainda Valdemar de Oliveira quem afirma: Creio que não há no mundo um binário tão sacudido, tão pessoal, tão típico como o frevo, nem dança tão estranha e tão expressiva pelos seus modos e conchamblâncias, como o passo.

Renato Phaelante da Câmara
Pesquisador da MPB