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Sobre o 1º Encontro de Salvaguarda do Frevo

Por Humberto Maia

De novo, esses mascates abusados...Tem mais é que jogá-los no mar! Mas... com o burgomestre que temos... vamos nos ferrar!
Seguinte: o IPHAN vem articulando, já faz alguns anos, um tal Plano de Salvaguarda do Frevo. Sabiam? Conheciam? Também não!
Mas era previsível: depois do reconhecimento do como Patrimônio Imaterial do Brasil (quiçá da Humanidade!), tinha-se que salvar o Frevo! De quê? De quem? Como? Quando? Onde? Quem? Segredo!
Dos alienígenas que nos espreitam do fundo do Caldeirão é que não é!
Ocorre que salvaguardar requer muito dinheiro... mas dinheiro não é problema... problema é... quem é o dono do Frevo? ... ou, dito de outra maneira, quem salvará o Frevo? Melhor ainda, quem botará a mão na “mufunfa’ do Frevo? Sacaram?
Tem de tudo, o projeto. Parece até o do Passo do Carnaval, que foi apresentado à Prefeitura em 1996/7. Até no nome: Paço do Frevo! Tirando o dinheiro, claro, que muito nos falta e neles abunda.
Tem os objetivos: resgate, restauração, promoção e preservação das tradições do Carnaval de Pernambuco.
E tem os programas: Raízes do Carnaval, Casas do Carnaval, Escolas do Carnaval, Oficinas do Carnaval, Vendas do Carnaval, Palcos do Carnaval, Rotas do Carnaval e Portos do Carnaval. Mentira! Rotas não tem... porque a EMPETUR já fez? Portos também não... por que só tem Frevo em Recife?
Voltando ao assunto...
Solerte, a Prefeitura do Recife correu na frente... e faturou! Lerda, como sempre, a de Olinda correu atrás... mas dançou! As outras... nem ouviram o galo cantar.
Mas... nem tudo está perdido!
Tudo ia nos conformes, até que, começo da semana, surgiu um boato. ONU, UNESCO, MINC, IPHAN, Prefeitura do Recife, Patrimônio Imaterial, Frevo, dinheiro... muito dinheiro....
Fuçando descobrimos que, na hora de botar na mão os primeiros caraminguás, os salvadores “sentiram” a necessidade de “legitimar” o que vinha sendo feito na surdina; por isso estavam promovendo um Seminário de Pactuação do Plano de Salvaguarda do Frevo com o objetivo, entre outros, de “escolha do comitê gestor do Plano de Salvaguarda do Frevo”. Ou seja, fazer um belo discurso, colher algumas assinaturas, tirar algumas fotos e correr para o abraço. Na pressa, pra não atrapalhar, os participantes foram escolhidos a dedo, um número reduzido, e convidados por correspondência personalizada. Haja democracia!
Convidado, o que fez o Prefeito de Olinda? Engavetou o convite... e mandou um funcionário do 2º escalão (com todo o respeito!) marcar presença, vangloriar-se do Conselho de Cultura que tem, com “pelo menos quatro segmentos ligados direta ou indiretamente ao Frevo”, usar este argumento para mendigar uma vaga no Comitê Gestor em constituição e, sorrateiramente, desaparecer, fugir do debate, sumir, escafeder-se... que me perdoem a redundância, fruto da indignação.
Pô, Prefeito... Que coisa mais feia! Se o senhor estava muito ocupado (e todos nós sabemos o trabalho que Olinda lhe dá, o Senhor mesmo disse isto outro dia!), por que não deslocou um quadro mais graduado, tipo o seu Vice-Prefeito, portando uma mensagem pessoal, enfatizando o seu apreço pela Cultura de Olinda e propugnando pelos interesses do seus concidadãos? Se a politicagem não deixa, por que a Secretária da Cultura não estava lá? Se também não merecíamos, por que não mobilizou a  sociedade, os carnavalescos, os produtores culturais, as associações de classe? Por que não mandou a turma que está bolando o Carnaval? E os empregados da Prefeitura? Chutando, sem medo de errar: mais de 50% dos presentes eram empregados da Prefeitura de Recife (direta ou indiretamente).
Por quê? A Prefeitura de Recife, anfitriã, não convidou? Convidou, claro!.. meia dúzia de gatos pingados (com todo o respeito!), só pra disfarçar (com todo o respeito!)! Do Interior do Estado, ninguém! Mas, reclamar de que.. se a Prefeitura de Olinda não foi, não convidou nem mandou ninguém?
Na hora em que defendi (contrariado!) uma quantidade maior de representantes da Prefeitura de Olinda no Comitê, igual à de Recife, a resposta que obtive foi: porquê? pra quê? cadê a Prefeitura de Olinda? você está vendo ela aqui? Calei! Está gravado e filmado!
E o Conselho de Cultura, Prefeito? Nem o Conselho de Cultura... Aquele a quem o senhor deu posse um dia desses, cheio de loas... Aquele cujo nome foi usado para pedir uma esmolinha? Que eu saiba, enquanto Conselheiro, sequer for informado! Ou foi... e também se acomodou? achou que não era com ele?... tinha mais com que se (pre)ocupar?
Se foi, merecemos mesmo o resultado: como só havia um representante (da sociedade civil!; do setor governamental, nenhum!) de Olinda na hora da votação, ficamos com apenas um representante, num Comitê de quase 30 pessoas e entidades. E sabem quem ficou com a vaga?... quem?!... Quem?!?!?! Com licença da má palavra: ela, a Prefeitura fujona! Ninguém da sociedade civil! Por falta de votos! Só ela, que não precisava de votos.... só de conchavos.
Com essa proporção e essa representação, adivinhem quem vai salvar quem... na hora de repartir os trocados... Pelo andar da carruagem, duvido não vamos assistir, na geral, babando, o Frevo bancando o Brega e outras excrescências multiculturais!
Pensando bem, o que se poderia esperar? Enquanto bloqueia de todas as formas qualquer tentativa de participação e controle social, “nossa” representante continua “arquitetando” o Carnaval no escurinho dos gabinetes, com meia-dúzia de apaniguados, amordaçados e subordinados; de costas para sociedade, o “tecido cultural” (como dizia a outra!), o Conselho de Cultura; a Câmara Municipal, a Lei do Carnaval, o Ministério Público; empurrando com a barriga; esperando o momento de enfiar na goela de todos o fato consumado: a negociação, em benefício sabe-se lá de quem, dos direitos autorais, de imagem, de arena e outros, de pobres coitados que não têm onde cair mortos, compondo, tocando, cantando, dançando, produzindo e vivendo o Frevo. E fazendo o melhor Carnaval do Mundo!
Sei não! Patrimônio Imaterial do Brasil! Sem Patrimônio Material... sem Patrimônio Humano... sem Patrimônio Político... sem Patrimônio Social... sem nada!
Aí o Ministério da Cultura diz: as agremiações têm que ser auto-suficientes! Com que recurso, cara pálida?
Aí o Ministério Público diz: as agremiações têm que fazer o isolamento acústico de suas sedes! Com que recurso, cara pálida?
É isso aí! Salve-se quem puder!
Mas, por favor, não esqueçam: pra salvaguarda de todos, domingo tem Frevo, lá em Pitombeira. Graças a Deus! ... porque só Deus salva o Carnaval de Olinda!
Até lá!
Humberto

PS: Desmascarada a malandragem da “convocação”, o Comitê Gestor foi transformado em Grupo de Trabalho, com prazo de seis meses para “legitimar” algumas despesas que já foram/estão sendo feitas e preparar/convocar uma eleição decente. É torcer para que, até lá, a gente crie vergonha e aprenda a cuidar melhor dos nossos interesses.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Precisamos unirmos forças para combater essa gente antifrevo, anticultura, antidemocracia!

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